ELIZABETH DOS SANTOS COLUMA
Nasceu no Rio de Janeiro. Reside há vários anos em Los Angeles, Estados Unidos da América, onde coordenou por longo período o programa de Português da Universidade do Sul da California. Atualmente leciona no Departamento de Línguas Estrangeiras do Pasadena City College, Cal., e se dedica à poesia integralmente. Tem artigos publicados na área de educação, além de diversos poemas em revistas americanas. Foi premiada no Concurso de Poesia William Faulkner com os seus “Five sad pieces” (“Cinco peças tristes”).
HOMENAGEM A EMILY DICKINSON
O entendimento da palavra é as vezes-traiçoeiro.
O que os lábios fala-em silêncio
Tropeça a palavra em começo-ou
Fim de frase-mal dita
E sangue que custa-a estancar...
O dia vira noite-em instantes
A noite passa a dia-por acaso.
Tudo no imaginário-do vocábulo perverso.
POEMA LIGEIRO
Deixa eu escrever agora sem mais demora
antes que a vida tome conta
da palavra calada — lá dentro
qual diamante bruto a ser lapidado.
Deixa eu dizer em sussurro
o que o tempo não dilapidou
antes que a velhice esmoreça
a memória de um amor exuberante.
IA ESCREVER UM POEMA
Ia escrever um poema
Mas foi ele quem me escreveu.
Foi só olhar pela janela,
Pra colorir o papel.
E pintar a lua de verde,
Pensando que era folhagem
E imitar o farfalhar dela
Com um sopro bem suave
Lá no canto do meu quarto...
Pra ninguém pensar que escrevo
Sem papel e sem pincel.
Foi o poema que me escreveu.
E que me fez assim desse jeito.
Textos extraídos de POESIA SEMPRE, Ano 13, n. 20, março 2005. (Publicação da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro) p.108-110.
Página publicada em maio de 2008
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